Histórico da Ranicultura
Histórico da Ranicultura
Embora não seja muito popular, a ranicultura, além de ser boa para a economia tem um cultivo favorável em terras brasileiras. Uma das provas disso é que em 2016 foi dito que Brasil é o segundo maior criador de rãs no mundo, sendo que no mesmo ano foi feito outro levantamento que revelou que o Brasil produz 160 toneladas ao ano, mas dizem especialistas que o número pode ser bem maior.
Mas como isso tudo começou? Como a ranicultura se tornou tão grande assim? Para entender melhor o presente, é preciso voltar um pouco no passado. A ranicultura é originária da América do Norte e foi trazida para o Brasil em 1935 pelo técnico canadense Tom Cyrril Harrison, que trouxe por volta de 300 casais de rã-touro para cá, embora o cultivo só fosse começar décadas depois, somente a partir dos anos 70 que o Brasil começou com seus primeiros ranários comerciais. Muitos sistemas para a criação e cultivo de rãs-touro foram propostos nos anos 70/80, dentre eles estão:
- O sistema proposto pelo Prof. Dr. Luiz Dino Vizotto em 1975, que concedeu a ele o título de “Pai da Ranicultura Brasileira” consistia em um sistema de baias estreitas, com uma projeção em forma de plataforma em uma das laterais, onde eram depositados substratos orgânicos atrativos para moscas.
- Dr. Dorival Fontanello e sua equipe proporam o Sistema Tanque-Ilha em 1980. Este sistema utilizava baias com uma ilha central, onde eram depositados produtos orgânicos destinados à proliferação de insetos. O alimento era representado pelos insetos mais girinos da própria espécie, aproveitando a alta prolificidade deste animal.
- Em 1984 Alves de Oliveira da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) propôs um sistema denominado Confinamento, composto de alvenaria, medindo de 10 a 15 m² cada. Nele seriam praticadas altas densidades e seleção periódica de rãs de acordo com o tamanho, alimentando-as com dípteros e suas larvas. Ainda no mesmo ano, Roberto de Castro Aleixo e colaboradores da Universidade Federal de Viçosa, sugeriram que as rãs em fase de engorda fossem alimentadas com larvas de dípteros misturadas a rações. As larvas funcionavam como indutores biológicos, condicionando as rãs a ingerirem alimentos inertes. Este fato representou um avanço técnico muito significativo, redirecionando os rumos das pesquisas sobre nutrição de rãs, além de proporcionar novos posicionamentos técnicos no tocante a tipos de cochos e abrigos.
- Em 1988, os Professores Samuel Lopes Lima e Claudio Angelo Agostinho, também da UFV, publicaram o livro "A Criação de Rãs" no qual indicaram um sistema denominado Anfigranja, onde o maior destaque técnico é dado ao setor de engorda de rãs, ressaltando principalmente a forma dos cochos, abrigos e piscina. Fora isso o Dr. Dorival Fontanello e sua equipe comunicaram a possibilidade de se promover a engorda de rãs em um sistema denominado Gaiolas ainda em 1988, com as mesmas características de baias só que com dimensões menores. Eles ressaltaram a importância de sua utilização em experimentos relacionados com nutrição, principalmente em razão da maior facilidade de manejo e maior precisão na coleta de dados, proporcionados por este sistema. Por seu diminuto tamanho o uso desse sistema possibilitaria uma maior produção por área.
- Em 1990 surgiu o Sistema Ranabox proposto pelo Sr.Haroldo Aguiar, de Betim (MG). Este sistema adaptou as características do sistema de Gaiolas, para o uso comercial dos produtores. Ele ficou conhecido também como a “criação de rãs em andares”.
- Em 1993, novamente o Dr. Fontanello e sua equipe, comunicaram os resultados de pesquisas comparativas com a engorda de rãs, realizadas entre os sistemas Tanque-Ilha, Confinamento, Anfigranja e Gaiolas e a utilização de estufas agrícolas para aumentar a temperatura ambiente. Criou-se então o “Sistema Climatizado”, porque os autores também sugeriram que a engorda de rãs em qualquer sistema deve ser feita em estufas agrícolas, pois, dessa forma, podem-se ter produções mais regulares ao longo do ano, o que permitiria maior e melhor fluxo de produção comercial.
- Descrito pela primeira vez na por Mazzoni e colaboradores em 1995, o Sistema Inundado1 foi originalmente desenvolvido em Taiwan e trazido para o Brasil por criadores argentinos nesta mesma época. Trabalha com altas densidades e apresenta-se totalmente preenchido por água, eliminando a presença de abrigos e cochos. Atualmente é um dos principais quando o quesito é criações comerciais.
- Em 2002 o Sr. Luiz Carlos Dias Faria, de São José dos Campos (SP), após encontrar dificuldades no desenvolvimento de projetos tradicionais de ranários em alvenaria, criou o Sistema Rana Piscina, que se baseia na criação das rãs em piscinas de lona.
Durante um tempo, a ranicultura consistiu basicamente no consumo da carne, mas ao longo dos anos, a pele começou a ser utilizada para vestimentas. Atualmente, a ranicultura vem crescendo como nunca, aumentando cada vez mais ao longo dos anos, embora ainda exista muito "preconceito" em volta do cultivo/consumo.
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